“Este é o fim!”
Algumas horas depois seus olhos se abrem, deitado no chão da floresta ele vê algo espantoso, uma forma feminina única em beleza, sua pele parecia uma peça de mogno amarelo finamente encerada, os cabelos eram folhas verdes como os das árvores ao redor e nos olhos amendoados quase não se via o branco, pois estava tomado por uma grande íris marrom-avermelhada, circundada por anéis de tom mais escuros, carregava um arco e vestia um protótipo de armadura feito de madeira.
Uma estranha fêmea lhe cuidava os ferimentos enquanto deitado e ele, buscando em sua memória todo o conhecimento que tinha sobre as criaturas da floresta, concluiu que sua enfermeira era uma dríade, o que poderia ser um problema.
Lembrava das estórias contadas sobre viajantes que haviam se perdido e sido capturados pelas dríades, elas se apaixonavam por eles e nunca mais os deixavam partir. Bem, pensara ele, “a pouco estava para ser devorado por monstros da floresta, fui salvo por essa bela criatura, se eu fugir dela volto para casa onde minha velha ranhenta e moribunda esposa me aguarda, talvez aceitar o amor incondicional dessa dríade não seja má idéia”.
No fim, a dríade termina seus curativos, ajuda o viajante a se levantar e com bastante dificuldade em usar a linguagem humana, indica-lhe o caminho para a aldeia mais próxima, e depois desaparece na imensidão da floresta. O viajante agradecido segue seu rumo com um único pensamento na cabeça. “Que pena!” De volta a sua aldeia, ele compartilha com seus amigos a estória de como relutante escapou às garras da terrível e apaixonada dríade que não o permitia retornar a sua casa.
Algumas estórias falam de dríades como criaturas da floresta que seduzem homens e os mantem prisioneiros e de fato, algumas dríades mais primitivas são assim, mas existe um grupo nessa raça um pouco diferente. Elas formam uma sociedade mais avançada que cultua os filhos de Azgher e Allihanna, os deuses menores das quatro estações: Suhallin (verão), Belandaba (outono), Crisádis (inverno) e Camélia (primavera). Essas dríades afirmam terem sido criadas por esses quatro deuses e os cultuam não individualmente, mas como uma única força transformadora da natureza, batizado por elas de o culto às Quatro Estações ou o culto às Hespérides, e que é muito importante na vida dessa raça.
Descrição Física: Como descrito acima as dríades das quatro estações são criaturas humanóides de estatura similar a humana mas com traços que remetem ao reino Vegetal, de fato elas são como plantas conscientes e ambulantes. Seus cabelos de folhagens mudam de aparência conforme a estação, no verão são verdes, no outono ficam amareladas, no inverno caem deixando um emaranhado de galhos entrelaçados como se fossem tranças e na primavera voltam ao verde com flores. Geralmente sua forma tem semblantes femininos, mas também há os indivíduos com aspectos masculinos, de qualquer maneira esses aspectos são apenas aparentes pois a raça não possui sexo e não se reproduz de forma convencional.
As dríades nascem a partir de uma árvore mágica conhecida como árvore das Hespérides, elas brotam como galhos que aos poucos vão tomando uma forma humanóide até finamente despertarem e se libertarem do tronco da árvore-mãe. Após esse estágio de “gestação” que dura 10 anos, elas já “nascem” na forma adulta e não envelhecem mais, vivendo em média 100 anos. A idade de uma dríade pode ser determinada olhando em seus olhos, quando nascem suas íris tem o tamanho normal similar ao de um humano, mas ao longo da vida a íris cresce ocupando a maior parte do globo ocular, no inverno esse crescimento é menor que no verão, o que cria um anel escuro na íris da dríade, assim pode-se contar os anéis nos olhos delas e saber quantos invernos elas já viveram.
Não é difícil reconhecer a árvore da qual as dríades nascem, pois estas sempre apresentam um tronco estranho muito inchado, que lembra de certa forma uma mulher grávida. Quando essas árvores são polinizadas, produzem frutos dourados* ingeridos por animais, cujas sementes acabarão “depositadas” em algum lugar distante e das quais nascerão novas árvores de Hespérides e novas dríades. Todas as dríades nascidas de uma árvore-mãe são iguais fisicamente, como irmãs gêmeas, mas possuem personalidades individuais. Quando uma criatura mágica, como um dragão, come um desses frutos e deposita as sementes, as dríades nascidas da árvore resultante poderão carregar uma linhagem sobrenatural e se tornarem feiticeiras.
*Um fruto dourado consumido equivale a todo alimento e água que o indivíduo necessitaria para sobreviver um dia.
Relações: Uma árvore de Hespérides vive cerca de 1000 anos e produz novas dríades continuamente, e essas geralmente passam a viver juntas ao redor de sua árvore-mãe, protegendo-a, qualquer indivíduo que ameace a árvore-mãe ou seu território será repelido com fúria, diferente das dríades mais primitivas, que não lutam e só tentam enfeitiçar seus inimigos, essas lutam aderindo a classes como bárbaro, druida ou ranger. É comum conflitos entre elas e humanos em locais onde ocorre muita extração de madeira, como o Reino de Tollon. Mas as dríades das estações também são criaturas bondosas que ajudam os viajantes perdidos e abominam ações maléficas, lutando ferozmente contra quem as prática. As vezes, apesar de serem assexuadas, as dríades realmente se apaixonam perdidamente por indivíduos de outras raças e passam a segui-los não importa onde vão.
Terras das Dríades: As dríades das estações estão espalhadas pelas florestas em todo continente, elas formam pequenas comunidades de irmãs ao redor de sua árvore-mãe, mas diferentes de outras dríades elas não possuem um vínculo mágico com essa árvore e podem se afastar dela para habitar outras regiões, elas também não morrem se a árvore-mãe morrer.
Aventuras: Essas dríades possuem um conceito simples e metódico de bem e não valorizam bens materiais, mas podem abandonar suas aldeias na floresta para viajar o mundo e viver aventuras sob algumas motivações: vingança contra alguem que tenha matado uma ou mais de suas irmãs ou sua árvore-mãe, preocupação com o bem-estar da natureza, ainda mais com as atuais ações das raças que se dizem “civilizadas” e da Tormenta, o puro desejo de conhecimento, pois isto é algo que essas dríades prezam ou uma paixão inexplicável por um indivíduo.
Traços Raciais das Dríades
Tamanho: Médio
Deslocamento: 9m
Tendência: Qualquer uma exceto Mal
+4 Sabedoria, +2 Constituição, -2 Inteligência. Dríades são observadoras, tem uma ótima percepção do ambiente ao seu redor e seu corpo de matéria vegetal lenhosa é mais resistente que a carne, mas sua mente simplista e metódica não se atem muito a detalhes. A dríades também ganham alguns bônus conforme a estação do ano:
Verão: Jogadas de ataque e testes de Atletismo +2, Cura Acelerada 2
Outono: Testes de Reflexos e Percepção +2, Redução de dano 2/-
Inverno: Armadura Natural +2, testes de Fortitude e Sobrevivência +2
Primavera: Testes de Vontade e Iniciativa +2, Deslocamento +3m
Ambientes que de certa forma simulam uma estação anual fora de época também podem alterar os benefícios raciais da dríade. Montanhas cobertas de neve simulam o inverno, desertos simulam o verão, áreas com chuvas intensas simulam a primavera e áreas de clima frio e seco com muito vento, mas sem neve, simulam o outono. É preciso que o clima se mantenha estável durante 5 dias consecutivos para que essa simulação de estação altere os atributos da dríade.
Metabolismo Vegetal. Dríades não consomem alimentos normais, elas sobrevivem consumindo água, um pouco de terra e se expondo a luz solar. Caso passe mais de três dias sem contato com a luz solar sofrerá os efeitos da inanição, um dia inteiro sob luz artificial retarda o efeito em três dias, mas a dríade não pode passar um número de dias maior que seu valor de Constituição longe do Sol ou morrerá. Precisam respirar e dormir.
Imunidades: Venenos e doenças comuns, ataques críticos e furtivos e efeitos do envelhecimento. Dríades não possuem músculos, ossos e órgãos como qualquer membro do reino Animal, a constituição de seu corpo é similar a dos vegetais, por isso, não possuem pontos vitais e são imunes a certos males que afligem animais. Também são imunes a magias como Carne em Pedra, mas magias que afetam plantas e madeira podem afeta-las. A magia Moldar Madeira pode ser usada para imobilizar uma dríade e a magia Madeira-ferro aplicada ao corpo da dríade concede os benefício equivalentes a vestir uma armadura completa, mas também impõe as penalidades correspondentes a isso, o talento Usar Armaduras Pesadas não se aplica.
Vulnerabilidade a fogo. Dríades recebem o dobro de dano por fogo natural ou mágico.
Vulnerabilidade ao Mitral. O Mitral por algum motivo é tóxico a essas dríades, ter um ferimento causado por esse metal causa 1d6 de dano inicial na Constituição e mais 1d6 de dano secundário na Sabedoria da dríade, ambos temporários (Fortitude CD 20).
Classe Favorecida: Druida. Dríades quando utilizam a habilidade forma selvagem para se transformar preservam sua constituição vegetal, se ela se transformar num lobo, vai ser um lobo com pele de madeira e metabolismo vegetal. Se escolher armadura natural, vai ser na forma de casca de árvore ao invés de couro ou escamas. A exceção a essa regra está na forma Elemental que se mantem como descrita na habilidade Forma Selvagem Maior. A forma de planta descrita na habilidade Forma Selvagem Aprimorada é substituída pela descrição da magia Forma de árvore.
Código de Conduta. Todas as dríades tem de seguir o código de conduta dos druidas, mesmo que pertençam a uma classe diferente.
O Culto às Hespérides – Os quatro deuses menores das estações anuais (Suhallin, Belandaba, Crisádis e Camélia) adorados como uma única força natural pelas dríades das quatro estações e que concedem poderes a druidas e rangers dessa raça. Os domínios concedidos por eles são: Bem, Cura, Plantas, Sol, Terra e Viagem.
Autor: Mestre Balthazar